[GOMES-DE-LIMA, Paulo Roberto. Roteiro para leitura-fichamento de
textos. In: ______. Para gostar de ler e escrever - sala de aula
interdisciplinar: espaço-tempo de estudar e educa são esses? Revista Pedagogia em Ação, Serra-ES, v.
3, n.3, p. 103-125, jun. 2002.]
“1. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS (COMO)
“Não, não tenho caminho novo.
O que tenho de novo é o
jeito de caminhar.
Aprendi (o caminho me
ensinou) a caminhar cantando
como convém a mim e aos que vão comigo.
Pois não vou mais sozinho.”
Thiago de Mello, A Vida Verdadeira (poema), 1978
O presente estudo
constitui-se, inicialmente, em pesquisa descritiva, para revisitar a literatura
e respectiva bibliografia pertinente na área desejada pelo interessado como
processo teórico-metodológico das abordagens de investigação didática
educacional e de intervenção pedagógica educativa no contorno do “fenômeno
temático”.
Para esses fins, a pesquisa
bibliográfica especifica o trabalho, buscando informações e dados em geral, com
intenção de fornecer conhecimentos de bases teórico-metodológica substanciando
os saberes úteis e necessários à análise e discussões correspondentes, com isto
apresentando-se contributos para subsidiar o trabalho de investigação e/ou de
intervenção pretendidos e planejados.
Nesse processo de revisão
bibliográfica verifica-se o que os autores percebem e descrevem da realidade,
contradições contextuais (ou não) e o que apresentam como alternativas
possíveis para prováveis soluções sobre o tema em foco, tendo como referencial as suas concepções filosóficas, científicas e/ou
tecnológicas-instrumentais.
Daí, quando procedente,
tece-se comentários (análises e discussões) contracenando com a temática e
problemática. (Acrescente-se que os dados informativos tem sua coleta no
percurso de temas pertinentes ao assunto em livros, dicionários, jornais,
folhetos, revistas especializadas, dissertações e monografias, disponíveis no
acervo da Universidade e outras
Instituições de Ensino disponíveis.).
2. TEMATIZAÇÃO: OS ATOS E OS FATOS DO “QUE FAZER” METODOLÓGICO
“Amor,
trabalho e conhecimento são as fontes de
nossas vidas; deveriam, também,
governá-las”.
Wilhelm Reich, Psicologia de Massas do Fascismo, 1988
Dando curso a esta
comunicação docente, apresenta-se o que se constitui todo o conjunto de
material consultado e referenciado no decorrer dos estudos e pesquisa
bibliográfica realizados anteriormente, no sentido de instrumentalizar o ato de
estudar educando-se.
Revisitando os autores,
intencionou-se com isto buscar a garantia de envolver-se no diálogo silencioso
da leitura e das interpretações decorrentes, apropriando conteúdos da
literatura consultada, no sentido do aprofundamento de conhecimentos e aquisição
de saberes necessários para sustentação teórico-metodológica ao “mostrar”,
“explicar”, “fundamentar” e “argumentar” os discursos e as práticas
teórico-metodológicas no contorno de estudos, pesquisas, projetos, eventos em
geral para “responder” sobre as questões sobre corpo, movimento e jogo -
entendidos elementos de cultura e objetos de relações situacionais internas
(pessoais), sociais (relacionamentos interpessoais) e iinterculturais
compartilhadas (produções de saberes e fazeres
práticos aplicados à realidade circundante, e até distante).
Além disso, importa também,
apresentar correspondentes ilustrações práticas aplicadas para “responder” às
indagações pertinentes nessas e noutras atividades acadêmicas e tecnológicas
pretendidas, onde se inscrevem premissas acentuando as possibilidades de
relações desses saberes com a prática da investigação didática educacional e/ou
da intervenção pedagógica educativa no trabalho da Educação “formal” na escola,
como também, no contexto informal” não-escolar que “ocorre na própria vivência
da cultura”, como acena Antônio de Muniz Rezende, acrescentando que “é vivendo
que os indivíduos e grupos aprendem ‘a maneira de ser’ que os caracteriza” 1 da vida interpessoal e intercultural
compartilhada na comunidade em geral.
Neste percurso do encontro
com a literatura, a técnica de estudar educando-se ganha seus sentidos
apropriados, concorrendo seguridade, claridade, e demais cuidados nos
empréstimos de conteúdos, para, em conjunto com eles, objetivar, justificar,
delimitar, explicitar, argumentar, enfim, dar corpo à tematização, avaliação
dinâmica e reelaboração temática de contexto, bem como, do olhar sobre as
análises e discussões proceder reflexões indicando conclusões e recomendações
considerativas finais em cada atividade em pauta.
Sim, são recomendações tais,
convidativas aos leitores, na
perspectiva e expectativa de encontros dialógicos, com isto, prosseguindo
turnos e returnos de outros estudos (e pesquisas) concorrentes à produção de
novos (ou outros) dimensionamentos do conhecimento produzido social, cultural
compartilhado e historicamente produzido.
Nesse quadro da realidade
acadêmica em exercício, apresenta-se o roteiro ou “Protocolo de Leitura e
Fichamento de Texto”, elaborado por este autor, creditando facilidades técnicas
ao ato de ler e escrever como convocação além da língua (escrita e oral), ou
seja, que conhecendo e relacionando-se com o texto, aprenda-se outras
linguagens (olhar, gesto, espaço, imagens retratadas das informações
veiculadas, formas, sons e tons da comunicação etc),
Acredita-se que assim lido,
o dito despede-se da literatura (do
silencioso encontro da leitura e escrita) e ganha corpo vivo e vivido na
corporificação do leitor participativo da nova encenação dos fatos em atos seus.
No contorno desse “roteiro”, o leitor terá a seu dispor instrumental devido
para os passos do ler (pista 1) e do fichar (pista 2), como se distingue , tão
logo em seguida.
2.1 - Pé na Estrada da
Leitura e Escrita: Protocolo de Atuação Técnica
“A estrutura cultural
simbólica (...)
comporta vários tópicos ou
lugares de manifestação do sentido,
nos quais tomam corpo
e se constituem as diversas
formas do relacionamento entre o homem e o mundo.
A educação é um desses
tópicos. (...).
(...) é vivendo
que os indivíduos e grupos
aprendem ‘a maneira de ser’
que os caracteriza.”
Antônio Muniz de Rezende,
filósofo, O Discurso Pedagógico, 1990
De antemão cumpre relembrar
que todo conhecimento é uma produção histórica humana, portanto, que a leitura
e usufruto deste texto sejam feitos de forma crítico-reflexiva, recomenda-se.
Neste particular os descuidos com a educação para leitura e escrita representam
sério agravante para o desempenho acadêmico no trabalho escolar, em todos os
níveis de ensino.
De embarque nestes alertas
indicativos, que se passe ao exercício refletindo sobre o convite ao ler e
escrever, evocando-se que todo estudante precisa, logo, começar a fazê-lo.
Nesta expectativa e
perspectiva, abrem-se, pois, todas as cortinas, encenando-se os atos que se
seguem como exercício participante. E o primeiro ato se representa dentro do “roteiro de leitura-fichamento” que
se apresenta em seguida.
2.1.1 - Justificativas do
Roteiro de Leitura-Fichamento de Texto
“Fica decretado que(...).
Fica proibido a palavra
liberdade
a qual será suprimida (...)
do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante a
liberdade
Será algo vivo e transparente
Como um fogo ou um rio,
Ou como a semente do trigo,
E a sua morada será sempre o
coração do homem.”
Thiago de Mello, poeta
amazonense, Estatutos do Homem, 1987
Nesta parte do trabalho, o
presente texto constitui-se em instrumento teórico-metodológico utilizado no exercício de revisitar a literatura pertinente em trabalhos
acadêmicos em geral, tendo sido construído em virtude das dificuldades
verificadas no desempenho de acadêmicos do ensino superior diante do ato de ler
e escrever textos. A constatação de tal evidência e incidência diante da exigência, tanto no ato
de leitura quanto no de proceder o devido fichamento da matéria em estudo,
dão-se conforme pontuado em notas de
estudos e pontos de vista deste autor, resultantes de trabalhos acadêmicos na
orientação de práticas de leitura e escrita em salas de aula (GOMES-DE-LIMA,
2002).
Nestes sentidos, o anunciado
deste roteiro acadêmico se presta utilmente ao desempenho do estudante nos
trabalhos de Pesquisa Bibliográfica,
buscando informações e dados em geral, com intenção de fornecer
conhecimentos de bases teóricas para elaboração de subsídios
teórico-metodológicos sobre a temática eleita pelo interessado em seus estudos
e pesquisas, anotações e pontos de vista, dentre os procedimentos orientados pela teoria e
prática técnico-científica.
Ao utilizar este roteiro no
processo de revisão bibliográfica, o pesquisador e os estudantes em geral,
deverão procurar e verificar o que os
autores percebem e descrevem da realidade, contradições contextuais (ou não) e
o que apresentam como alternativas possíveis para prováveis soluções sobre o
tema em foco.
Disto feito, quando
procedente, caberão tecer comentários (análises e discussões) contracenando-os
com a temática e problemática, objetos de sua investigação. (E julgando
oportuno um parêntese aqui, indica-se aos iniciantes que os dados informativos
a serem coletados poderão acontecer, percorrendo temas pertinentes ao assunto
em livros, dicionários, jornais, folhetos, revistas especializadas, teses,
dissertações e monografias, disponíveis no acervo das universidades, bem como
em outras Instituições de Ensino disponíveis).
2.1.2 - Roteiro de Leitura e
Fichamento de Textos: Protocolo de Atuação
“Analfabeto
não é aquele que não sabe ler,
mas aquele que aprende e nunca lê”.
Mário
Quintana, escritor e poeta gaúcho, Máxima, sd
Finalmente, definindo os
procedimentos técnicos no sentido de nortear o exercício de leitura e
fichamento no trajeto da pesquisa bibliográfica pretendida, levantando-se os
dados desejados e necessários em leituras, em seguida anuncia-se “roteiro” para
revisão de literatura, para a pesquisa bibliográfica, em relação ao
levantamento de dados necessários, procedendo-se conforme “Roteiro para Leitura
e Fichamento de Textos” elaborado por Gomes-de-Lima (2002, 2004a).
Julgando-se conveniente,
transcreve-se o referido roteiro a seguir, tendo-se em conta que nesta parte do
trabalho acadêmico, procede-se à pesquisa bibliográfica revisitanto a
literatura pertinente e disponível no momento, tomando-se por orientação aquele
“roteiro”, sugerindo trajeto percorrendo
“pista dupla”[1] na
página lida, cujo processo de dupla dinâmica durante a leitura do texto em foco
se dá na seguinte ordem:
-
Pista 1 (plano de leitura), cujos três passos destacam o (1) vocabulário-chave do tema ( indicando
os termos ou objetos relacionais construtivos do texto e variáveis), (2)
os autores citados
e as (3) tendências teóricas
(implícitas ou explícitas)
que norteiam o marco referencial.
[Observação técnica: “A
Pista 1” favorece ao leitor distinguir no “discurso” comunicado pelo texto,
todo um “repertório linguístico” que se serve de um vocabulário, “que se
constitui aos poucos e de maneira seletiva, em função das necessidades do
próprio discurso” (REZENDE, 1990, p. 92)2,
entendendo-se que, desconhecer o vocabulário (termos-chaves) na Pista de
Leitura (item 1) dificultará o acesso à mensagem do discurso proferido pelo autor
no texto, pois que o vocabulário ou “termos-chaves” identificam-se com os autores e suas
tendências político-ideológicas que, inclusive, denotam referências para os
paradigmas que norteiam o eixo do sentir e pensar do autor ao “mostrar”,
“explicar”, “fundamentar”, “argumentar” e “responder” (M.E.F.A.R) às indagações
ou questões pertinentes a que se reporta o texto. Portanto, afirma-se “o
código para a interpretação destes repertórios só pode ser encontrado na trama
semântica do discurso, na qual se descobre a particularização do sentido que
sua utilização lhe confere naquele determinado contexto”, pontua Rezende
(p. 92). E, acrescenta Rezende, “sem o conhecimento do repertório e do
código correspondente, não se consegue chegar ao sentido que nos textos
pretendem transmitir” (p. 92).]
- Pista 2 (plano de fichamento),
cujas anotações extraídas
representam o que os autores:
A.
Percebem-descrevem da realidade enfocada em seu movimento;
B. Destacam como
contradições contextuais (ou não)
no quadro
dessa realidade em desenvolvimento;
C. Apresentam como
alternativas ou perspectivas para prováveis
soluções problemáticas para intervenção
no quadro dessa
mesma
realidade em seu movimento,
levadas em conta
as
concepções em
suas representações.
D. A partir
daqui, proceder-se em reelaborações temáticas desse
percurso,
tecendo comentários pessoais (análises e discussões
parciais), se
necessários forem no momento, para efetuar inter-
relações com o
objeto de estudo do trabalho acadêmico em
desenvolvimento, ou, noutro caso, resguardar apara os
procedimentos
posteriores de análises e discussões e/ou
considerações
finais.
[Chama-se atenção para o exercício de avaliação dinâmica e
reelaboração temática (item D - Pista 2), ainda aconselhando-se com Rezende ,
pontuando que “em especial, não é possível utilizar o repertório e mesmo o
código de um autor ou corrente filosófica para se interpretar os outros”; quer
dizer, “por exemplo, não se pode adotar o repertório marxista para se
interpretar a fenomenologia”, no entanto, Rezende acena para o fato de que
“pode-se, é evidente, ‘marxizar’ a respeito da fenomenologia, mas isto não
significa, necessariamente, que a decodificação da mensagem terá sido feita de
maneira adequada” (Op. cit., p.92).
Em mais palavras, Rezende, ainda nessa direção, exemplifica
apontando que “na perspectiva da fenomenologia, passa a ser importante o
confronto e o conflito das interpretações”, pois isso “implica que os
interlocutores sejam representantes autênticos das diversas correntes confrontadas”
(Op. cit., p. 92).
Em outras palavras, proceder
tal revisitar os autores, com isto buscar a garantia de envolver-se no
diálogo silencioso da leitura e das interpretações decorrentes,
apropriando-se de conteúdos no sentido
do aprofundamento de conhecimentos
para sustentação teórica referencial deste estudo pretendido.
Na revisão de literatura os
autores são apontados para releitura, julgando-se prudente anotar que o
conhecimento é uma produção histórica, portanto, que cada leitor deva reler e
utilizar cada texto de forma crítica, tirando-lhe todos os proveitos e saberes
necessários à construção de todas as práticas corporais educativas.
Finalmente, para nortear o
exercício de leitura-fichamento no trajeto da pesquisa bibliográfica pretendida
no contorno do fenômeno temático, do recurso essencial das atividades motoras e
das técnicas corporais, e, especialmente, o eixo norteador do Paradigma da
prática refletida, leva-se a efeito o
levantamento de dados desejados e necessários em leituras, no sentido de “mostrar”,
“explicar”, “fundamentar”, “argumentar” e “responder” às indagações pertinentes
ao objeto de estudo em pauta. Para tal, apresenta-se em seguida, o
anunciado “roteiro” para revisão de literatura, para tal sugerindo trajeto percorrendo “pista dupla” na página lida,
cujo processo de dupla dinâmica durante a leitura do texto em foco.
Finalmente, definidos os
procedimentos técnicos no sentido de nortear o exercício de leitura e
fichamento no trajeto da pesquisa bibliográfica pretendida, levantando-se os
dados desejados e necessários em leituras, tem-se em conta o que se anunciou
com este “roteiro” para revisão de literatura adequada à pesquisa
bibliográfica, em relação ao levantamento de dados necessários aos estudos
pretendidos, reafirma-se e relembrando-se a máxima do escritor e poeta gaúcho Mário Quintana
pontuando que o fato de que “Analfabeto não é aquele que não sabe ler, mas
aquele que aprende e nunca lê”. (GOMES-DE-LIMA, 2002, p. 108-110).”
1 1 REZENDE, Antônio Muniz de.
O discurso pedagógico - repertório e código de interpretação. In: ______. Concepção fenomenológica da educação.
São Paulo : Cortez : Autores associados, 1990,
p. 87. Coleção polêmicas do nosso tempo; v. 38)
[1] As Pistas 1 (Plano de
Leitura) e 2 (Plano de Fichamento) foram elaboradas (1991) a partir da orientação da Professora
MARIA APARECIDA DE LIMA ÁVILA E CARVALHO (DÉCADA (80-90), mestre em
Antropologia e Professora Adjunta do Departamento de Ciência Social (CEG-UFES).
2 REZENDE, Antônio Muniz de. O discurso
pedagógico - repertório e código de interpretação. In: ______. Concepção fenomenológica da educação.
São Paulo : Cortez : Autores associados, 1990, p. 86-92. Coleção polêmicas do
nosso tempo; v. 38)
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